segunda-feira, novembro 19

quarta-feira, outubro 3




















"Eram duas amigas desfolhando a sorte
Acenando os dotes que a vida lhes deu
Eram duas compinchas a tagarelar
Dispunham de tempo e espaço
O limite era o céu.
Eram duas amigas
Eram unha com carne
Semeando os gestos ao deus dará
Eram protagonistas nos retratos
Entre um decote mais ousado
E um golo de chá
Eram duas amigas
Ecoando ao fundo
No centro do Mundo, onde eu morei
Eram dois segundos de concentração
Vestidos de cores que eu nunca mais descreverei."
Jorge Palma

terça-feira, agosto 14

Escrevo longos romances nas pálpebras, mesmo antes de adormecer.

domingo, agosto 12

Ponho o risco dos lábios em pose séria, curvo as sobrancelhas porque devia estar preocupada, imito-lhes os gestos do mundo real, finjo achar que é mesmo uma chatisse tudo o que muda, tudo o que muda é sempre uma chatisse.
Também penso em coisas importantes, daquelas sérias que importam de verdade, porque alguém muito bonito me falou delas e, encantada, sigo-lhe o pensamento, sinto-lhe o pensamento. Mas sempre por causa de alguém. Porque eu gosto é de ouvi-las, observa-las a ouvir-me. Lê-las. Vê-las por dentro e por fora.
Porque gosto de humanidade.
Do que eu gosto mesmo é de pessoas.

sexta-feira, junho 1

"e dançar é a coisa mais próxima que conheço do que importa"

Alexandra Lucas Coelho in Ípsilon (Público 1 de Junho 2007)

domingo, maio 20

"Morre lentamente quem se transforma em escravo do hábito,
repetindo todos os dias os mesmos trajectos,
quem não muda de marca
Não se arrisca a vestir uma nova cor ou não conversa com quem não conhece.
Morre lentamente quem faz da televisão o seu guru.
Morre lentamente
quem evita uma paixão,
quem prefere o negro sobre o branco
e os pontos sobre os “is” em detrimento de um redemoinho de emoções,
justamente as que resgatam o brilho dos olhos,
sorrisos dos bocejos,
corações aos tropeços e sentimentos.

Morre lentamente quem não vira a mesa quando está infeliz com o seu trabalho,
quem não arrisca o certo pelo incerto para ir atrás de um sonho,
quem não se permite pelo menos uma vez na vida,
fugir dos conselhos sensatos.
Morre lentamente quem não viaja,
quem não lê,quem não ouve música,
quem não encontra graça em si mesmo.
Morre lentamente quem destrói o seu amor-próprio,
quem não se deixa ajudar.
Morre lentamente, quem passa os dias queixando-se da sua má sorte
ou da chuva incessante.
Morre lentamente,quem abandona um projeto antes de iniciá-lo,
não pergunta sobre um assunto que desconhece
ou não responde quando lhe indagam sobre algo que sabe. (...)"

Pablo Neruda


Desafio:



domingo, março 18

São os dias de sol. E esta luz de cidade. Eu a descer os degraus da rua-mais-bonita, sem conseguir deixar de correr. Tocar à campainha da porta verde, ofegante. E encontrar a bonita melodia que toca nos meus dias, em tons de SÍ e MI.

domingo, janeiro 14

"O que será que me dá que me bole por dentro
Será que me dá
Que brota a flor da pele será que me dá
E que me sobe as faces e me faz corar
E que me salta aos olhos a me atraiçoar
E que me aperta o peito e me faz confessar
O que não tem mais jeito de dissimular
E que nem é direito ninguém recusar
E que me faz mendigo me faz implorar
O que não tem medida nem nunca terá
O que não tem remédio nem nunca terá
O que não tem receita"

Chico Buarque